Pesquisadores encontraram geleiras que se soltam do fundo do mar e criam icebergs flutuantes maiores que os glaciais. Essas novas observações podem ajudar a entender melhor e prever o surgimento dos icebergs, além de melhorar dados sobre as estimativas de aumento do nível do mar por causa das alterações climáticas.
"Se queremos ter previsões precisas sobre a elevação do nível do mar, é necessário entender o modelo de formação dos icebergs", diz Fabian Walter, glaciólogo do Instituto Scripps de Oceanografia em La Jolla, Califórnia. Walter é autor do estudo, que será publicado na revista Geophysical Research Letters e no jornal American Geophysical Union (AGU).
Esse estudo apresenta a primeira observação detalhada de uma geleira passando por uma transição do fundo do oceano para a flutuação, como ocorre atualmente com uma seção das geleiras de Columbia, uma das muitas do Alasca. Essas geleiras fluem diretamente para o oceano, terminando em um penhasco no mar, onde se formam os icebergs. Antes desse estudo, acreditava-se que as geleiras do Alasca eram exclusivamente ligadas ao fundo e incapazes de flutuar sem se desintegrar.
Icebergs são a principal fonte de água para a bacia do oceano global. Esse estudo é parte de um esforço maior para compreender a formação de icebergs e geleiras. "Estamos vendo um maior nível da maré perto das geleiras", diz Walter.
A equipe de pesquisa conduziu seu estudo sobre a geleira de Columbia com a instalação de um sismógrafo ? sensor que mede as ondas sísmicas que são produzidas por mudanças nas formações geológicas, incluindo terremotos, deslizamentos de terra, e deslocamentos de icebergs. Os cientistas estudaram as leituras do sismógrafo de 2004-2005 e 2008-2009, o que lhes permitiu comparar o tamanho e a frequência de icebergs que faziam parte de uma geleira antes e depois se tornaram flutuantes.
A separação da geleira com o iceberg ocorre quando as fraturas no gelo se juntam e produzem um pedaço de gelo completamente separado da geleira principal para formar um iceberg. ?A velocidade com que a geleira de Columbia retrocede também pode ter contribuído para uma seção de icebergs?, diz o glaciólogo Shad O\\'Neel do U.S. Geological Survey (USGS), em Anchorage, Alaska, co-autor do estudo. Columbia é uma das geleiras que recua mais rapidamente do mundo ? 4 km desde 2004 e cerca de 20 km desde 1980.
Scientific American Brasil